sempre me lembro de você

Lembrei de você quando li uma crônica do Vinicius de Morais.
Me bateu aquela saudade meio café com leite,
aquele café com leite que só você tem.
Passei enfrente a casa onde você morou
ainda na esperança de ver aquele copo de geléia
de goiaba sujo de café em cima do muro,
mas para minha saudade gritar, ele não estava lá.
Pensei em chamar mas sabia que não seria você
que ia gritar: " Já vai! "
Também sabia que você não ia me mandar entrar
" Entra Thaizinha, faz tempo que você não vem me visitar. Que saudade de conversar."
Realmente faz tempo que não vou te visitar, por onde você deve andar?
Que saudade de conversar. Onde eu vou me esconder agora?
Sua casa era o meu refúgio favorito, seu quintal, sua sala,
seus quartos, seu banheiro, sua cozinha era tudo a sua cara
tinha tudo o seu cheiro e eu gostava muito disso.
Faz tempo que não penso em você, não porque eu tenha
esquecido mas sim porque eu evito pensar, a saudade não é minha companheira favorita.
Dessa vez não deu para escapar, quanto tempo faz?
Um dois? três?
Não sei me perdi no tempo depois que você se foi,
quem me falava os dias, as horas era você, lembra?
Faz tempo, muito tempo que você não está, que você se foi e que não vai voltar.
Queria que você conhecesse meu namorado, fosse no meu casamento,
na minha formatura na faculdade, visse os meus filhos crescer,
queria te ver em cada conquista minha e chorar no seu colo - colo com cheiro de café, cada tristeza.
Ainda lembro de você, perfeita e alegre, zueira e desbocada.
Você faz falta, deu pra notar né?
Tô te devendo um beijo, smack, bem estalado pra você.

Assim que eu puder, daqui uns 90 anos, eu vou te ver
Eu juro não vai demorar, vai passar rapidinho
E eu logo vou te abraçar, minha amiga com cheirinho doce de café
misturado com o de um cigarro bem vagabundo.

- escrevi esse texto em março, pensando na minha amiga Nani que morreu -
                     sinto sua falta

2 comentários:

Unknown disse...

Me emocionei muito quando você postou esse texto há um tempo atrás.
Lindo!

Força sempre, querida Thais!

Luiza disse...

ADOREI O TEXTO DA PRIMEIRA VEZ QUE LI E NÃO ME SURPREENDO QUE TENHA GOSTADO DE NOVO. MAS A SAUDADE TEM DESSAS COISAS. SÃO SEMPRE OS CHEIROS...

Sigam - me os bons