Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.
Fernando Pessoa
Era de madrugada e a insonia vinha calmamente sussurrar em seus ouvidos gelados do frio da madrugada, que a hora de acorda sem querer estava chegando. De repente ouve-se um pulo e um ofegar mais intenso, ela acordou, parece ter tido pesadelos.
Enquanto olhava o quarto assustada tentava lembrar do que tinha acabado de sonhar, seus olhos eram confusos e a duvida pairava no ar.
Ainda sentada na cama ela se perguntava:
“Porque eu nunca consigo lembrar dos meus sonhos?
Porque fui ter defeito logo nessa parte?
Eu não poderia ter nascido simplesmente com um nariz maior?”
E ainda com esse pensamento foi se escorando no travesseiro e por fim dormiu novamente.
Dessa vez o sonho veio mais rápido que de costume sem remelexo e sem grandes ruídos apenas suspiros com gostinho de nuvem.
A noite foi passando e os raios de sol que entravam pela janela do seu quarto e deixava tudo mais brilhoso, mais vivo, mais mágico. Ela gostava disso.
Acordo com a sutileza do ar mais quente soprando em seu nariz, sorriu ao ver as coisas com o reflexo do sol e logo se lembrou da noite que acabará de passar.
“Eu sonhei?
Com o que?
Que memória terrível.”
Levantou-se da cama e caminhou até a janela mais próxima a porta e deu um grande e bonito bom dia ao dia que se iniciava.
“Vamos começar.” Disse ela toda prosa.
Ao se trocar viu que estava ali na mesa um velho diário, se aproximou, olhou e resolveu abri-lo.
E como sempre estava ele vazio, sem som, sem cor.
“ Por que eu não consigo escrever?
Quando eu penso parece tão mais fácil.

Desceu pelas escadas ainda com os pensamentos soltos em seus cabelos cor de mel com panquecas.
Tomou o seu café, leu o jornal, leu a revista, leu o semblante de duas ou mais pessoas da casa e sem falar nada saiu para o mundo que tinha atrás porta da sala.
Que gostoso era aquela sensação de liberdade, sair e entrar por uma porta.
“ Que maravilha é poder decidir se quer entrar ou sair, as pessoas não sabem a importância que isso tem. Muitos em suas vidas deveriam saber que ao abrir uma porta pode-se mudar o futuro e quando fecha-se uma porta pode-se voltar ao passado. A porta não fica exatamente no meio termo, digo o presente, ela está absolutamente nos dois extremos e o meio dela somos nos. ”
E continuou a caminhar, a olhar o abrir e fechar das portas da sua rua e todas as oportunidades que elas ofereciam para os 'seus passantes'.
Logo mais a frente estava o ponto de ônibus, hoje seria o primeiro dia de faculdade.
No ponto estava o carinha mais gato (tô história tem romance, eu adoro) da rua, da cidade, do país, do mundo. (É ela exagerando, não eu)
“ Como eu gostaria de viver em um mundo piegas, capaz de sentir só de olhar, capaz de amar pra vida toda e não a cada virada de esquina. Seria bom remendar as relações que acabaram por falta de sentimento. Que ótimo seria se o pão da humanidade fosse o amor. Ninguém passaria fome e eu concerteza teria um namorado.” Sorriu.
“ Entra, menina.”
Disse aquela voz doce.
Ela simplesmente sem olhar entrou no ônibus e sentou-se a janela. Como ela gostava de ver o mundo passar ao contrário. Ela indo pra frente e ele indo pra trás.
Logo ele chegou, sentou ao lado dela e perguntou:
“ Qual é o seu nome? ”
Ela olhou com delicadeza aqueles olhos com tom de infinito, azul, e disse calmamente:
“Nina”
Ele sorriu.
“ Nina?
Mas isso não é apelido?
Hãn! Não tem que ter um nome antes?”
Claro que não tem, pensou ela.
“Não tem um nome antes, é só Nina.
Meus pais gostavam muito de Nina Simone, ai sobrou pra mim.”
E depois ficou tudo em silêncio, o ônibus, as vozes, o ar.
Mas os pensamentos dela voavam sem parar.
Eram tão embaralhados que nem eu ( que escrevo essa história) consegui entender.
“ Ele falou comigo?
Claro que falou?
Meus pais, porque fizeram isso comigo?
Ai, meu Deus.
O que eu estou fazendo?
Acho que devo correr?
Porque tudo ficou calmo?
Ai, droga.
Eu deveria ter falado o meu nome todo.
Que coração idiota.
Ai, chegamos.
Respira fundo.
Vamos lá.”
Então o ônibus chegou, primeiro dia, outros problemas.
Thais Allana Martins
5 comentários:
Thais, obrigadão pela visita! O post é realmente um e-mail que anda circulando, mas a história é absolutamente verídica.
Muito bom o seu blog, viu? Gostei! Tbm passo a seguir.
Beijão!
Bom texto.
Carinhos meus.
Gostei do texto :D
obrigada pela visita
beijão
Que maravilha é poder decidir se quer entrar ou sair, as pessoas não sabem a importância que isso tem!
Perfeito, Perfeito, Perfeito!
;*
Adorei o texto!!
Obrigada pela visita em meu blogue.
Bjos
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