ele - final

(...)

- sabia ...
- sabia o que?
- que você me amava.
- não é bem assim.
- como não?
- ainda não sei bem o que houve aqui.
- aqui?
- aqui!

(...)

Eles andam pela rua, olham o vazio das estradas
se encantam pelas cores da noite e por algum tempo
não falam nada, só sentem a brisa que vai e volta delicadamente e a
respiração um do outro em uni som.

(...)

Eles se sentam em uma ponte e ficam parados vendo o dia amanhecer,
o sol aparecer e ouvem os primeiros pássaros a cantar.

- " ... sei tua manhã mais bonita ..."

Ela recostou a cabeça no ombro dele e chorou.
Ele continuou a cantar.

-  "Sou teu gesto lindo
Sou teus pés
Sou quem olha você dormindo
O Menina guardo você comigo
Menina guardo você comigo"


Enquanto isso o sol fazia seu show, surgi magnífico no final daquela ponte
e por alguma razão desconhecida dos dois outra coisa acontecia próximo a ponte...
um fotografo passava naquele local e aquela cena que ficaria gravada apena na memória dos dois
teve a interferência de uma terceira pessoa.
a cena ficou gravada pelas lentes de um câmera desconhecida que apesar de não saber o que acontecia
se emocionava ao vê-los ali.

- já é tarde eu preciso ir, ainda não arrumei as malas.
- não arrume.
- o que?
- não arrume.

(...)

Ela olha por cima da ponte.

- nossa como fomos longe.
- sim. quer ir mais longe?
- não posso, tenho que voltar.
- não precisamos sair do lugar.
- como assim?
- venha, me de as mãos. feche os olhos e comece a imaginar cada pedacinho da musica.
" Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz

Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa

Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá

A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração

A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão as vezes é doce
Mas as vezes é doce não

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Hum e o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito

Eu não pareco meu pai
Nem pareco com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Mas a incerteza traz inspiração

Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso

Tem sorriso que parece choro
Tem choro que é por alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia

Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem a sede que morre no seio
Nota que firmata quando desafino

Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Mas o sonho
Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Mas o mundo é perfeito
O mundo é perfeito..."


(...)

Ele solta as mãos dela e ela continua de olhos fechados.

- você pode abrir os olhos se quiser.
- mas eu não quero.
- ok, então fique de olhos fechados.
- mas se eu não quiser?
- vamos discutir isso?

Ela sorri e abre os olhos.

- onde você estava.
- na minha antiga casa.
- gostou?
- sim, eu era criança ainda.
- foi bem longe.
- muito, mas longe do que poderia imaginar.
- que bom. não errei no que eu disse.
- ah, tenho que ir.

Ela sai correndo e ele como um bom homem fica no lugar...
brincadeira ....   ele correu também atrás delas.

- ei, dá pra esperar?
- anda logo seu molenga.
- molenga? ah, para né?!
- molengão!
- ah não, agora chega.

Ele corre mais rápido puxa o braço dela e a abraça forte
e a beija...

(...)

Por um momento eles ficaram parados ali no meio da rua
abraçados e todas as pessoas olhavam aquela cena que pra uns era pura sacanagem
e para outros puro romance.

- nunca mais vamos nos ver.
- eu sei.
- e você sente o que sobre isso?
- ainda não sei bem. e você?
- eu estou feliz.
- o que?

Ela o solta depressa.

- bobona.
- ah, sou eu?
- feliz por ter vivido tudo o que eu queria viver, seria triste se eu só tivesse te visto passar.
- agora eu sei o que sinto.
- o que?
- vou vomitar.
- o que? me apaixonei por uma estranha que vomita quando fica nervosa... ai meu Deus!
- vou chorar.
- hãn?
- vou gritar.
- ah.
- vou embora.
- da pra me dizer o que está acontecendo?
- eu sou neurótica, maluca e vivo das minhas tolices bem planejadas... mesmo que isso pareça estranho. nunca me apaixono por ilusões e se por acaso as tenho são todas frutos concretos da minha cabeça... a pessoa nem precisa está por perto para que eu a namore ou termine com ela. tá bem, isso é mais estranho ainda, mas tenho uma boa explicação para isso. assim eu sofro menos e também posso contar pra todo mundo que eu terminei. mas você me aparece assim DO NADA e muda a minha vida.
- mudou a sua vida?
- claro. agora eu me apaixono pelo real, pelo que vai fazer sofrer e dessa vez não vou dizer pra ninguém que foi eu quem terminou qualquer coisas que tivemos.
- você é maluca.
- dessa vez você tem razão.
- eu sempre tenho razão.
- não vamos discutir essa insensatez agora. o que eu vou fazer? como eu vou embora e deixar a minha vida aqui?
- sua vida?
- agora tudo é seu, você levou tudo o que eu tinha. se eu for embora vou sem nada mesmo que eu carregue uma mala enorme ... eu vou ser vazia.

Os olhos dele se enchem de lágrimas e tudo fica confuso.

- achei que seria fácil você me deixar aqui.
- pq você achou isso?
- não sei, simplesmente achei.
- ué! nada de teorias mirabolantes?
- nada.
- hummm.
- você precisa ir.
- então isso é um adeus?
- não vou ao aeroporto.
- se eu fosse você também não iria.
- então isso é um adeus?
- sim.
- ah, que droga!
- o que foi?
- não sei me despedir.
- então não se despede.
- como?

Ela o beijou no rosto e saiu correndo e quando ficou um pouco longe ela gritou:

- Até logo!

Ele começou a andar e a chorar.
Ela parou no primeiro banco e chorou.

(...)

No aeroporto ela o procurou mas sabia que ele não estaria lá
de repente o seu celular vibra com uma mensagem:

"esqueci de dizer uma coisa, sei que por aqui fica feio
mas não encontrei outra alternativa: eu te amo!"

Ela deixou escorrer uma lágrima quando de repente uma mão segura o seu braço
e ela se vira pra ver quem é.

- ah, encontrei outra alternativa: eu te amo!

Ela pulou em seu pescoço (nota do autor: sempre quis escrever isso.) e o beijou.

- eu também te amo...

Ouve-se a ultima chamada para o vôo.
Ela dá o ultimo adeus se vira e começa a ir embora.

- ei! eu ainda não sei seu nome.
- Alice!
- agora eu sei pq você sofre de mundo mágico agudo.
- bobo. 
ei, eu ainda também não sei o seu.
- Pedro.
- então, tchau Pedro.
eu te amo, Pedro.
vou sentir saudades, Pedro.
ahh, vou perder o meu avião, Pedro.

Ela se vai...

- tchau, minha Alice!

Ele vai embora cantando...

- "Cada acorde em seu lugar
lembra um sorriso, mas
não quero lembrar
Que a noite vem caindo
trazendo o seu olhar
Cada palavra que falei
lembra uma história
que eu nem mesmo sei
mas como vento
vem tão depressa
A verdade é bem mais forte
hohohoho
vou deixar
que o destino mostre a
direção
Foi pouco tempo
mas valeu
vivi cada segundo
quero o tempo que passou ..."


[enfim, fim...]

Sigam - me os bons